Seja o que Deus lhe chamou para ser




O Dia Internacional da Mulher suscita muitas reflexões, e deve mesmo ser assim, como tudo em nossa vida. No entanto, nessa data ganha força o discurso feminista, com elementos pouco atrativos. É um discurso de disputa de gêneros, e quase sempre aparece amargurado, cheio de ódio e ressentimento, como se o homem fosse inimigo da mulher e sua suposta inferioridade devesse ser fortemente evidenciada o tempo todo.
Não deveria ser assim. Não há uma disputa em questão. Há grande diferença entre disputar e lutar pelo que é justo e direito. Na verdade, o inimigo causador de tanta opressão é um sistema perverso, maligno, composto por homens e mulheres que distorcem o direito, distorcem a liberdade, cerceiam os direitos das pessoas, independente de gênero. É contra esse sistema que devemos nos levantar.
Nessa data, vemos os mais diversos tipos de manifestação em suposta defesa dos direitos da mulher. Algumas dessas manifestações incluem atitudes que nos causam estranheza, como mulheres em praça pública costurando seus próprios órgãos genitais em “protesto”. Diante de tamanha esquisitice, a pergunta que fica é: de que forma esses comportamentos contribuem para que as mentes se transformem e a justiça seja feita?
Por vezes, e sem perceber, o discurso ferrenho em defesa da mulher torna-se tão radical quanto o radicalismo que se quer combater. Vejamos a situação à luz da Palavra de Deus. Sem o conhecimento da Bíblia e do Cristianismo como um todo, muitas pessoas os classificam como mecanismos machistas e opressores.
Se analisarmos a Bíblia de forma correta, veremos nela um Deus que sabe a força que a mulher tem, e por isso não precisa diminuir o homem para exaltar a mulher, nem vice-versa. Um Deus que dá tanto valor à mulher, que não a coloca como secundária ou coadjuvante. Vejamos alguns exemplos.
No livro de Juízes, capítulos 4 e 5, vemos a história da profetisa Débora, que, no seu tempo, liderava Israel. Mulher, esposa e mãe, Débora foi escolhida por Deus para conduzir seu povo e teve sua autoridade reconhecida por ele. Veja as palavras dela: “nos dias de Sangar, filho de Anate, nos dias de Jael, as estradas estavam desertas; os que viajavam seguiam caminhos tortuosos. Já tinham desistido os camponeses de Israel, já tinham desistido até que eu, Débora, me levantei; levantou-se uma mãe em Israel.” (Juízes 5: 6-7). Você consegue ver aqui alguma atitude machista ou opressora por parte de Deus? Não, não há.
O capítulo 27 do livro de Números nos fala sobre as filhas de Zelofeade, que foram até o líder Moisés pedir que a lei fosse revisada, para que elas tivessem direito à herança de seu falecido pai, direito que não existia naquela época. E o que aconteceu? Deus disse a Moisés que revisasse a lei, reconhecendo o direito dessas mulheres. Você pode imaginar quantas outras mulheres foram beneficiadas pela ousadia dessas naquele tempo? E não houve necessidade de disputa nenhuma. Elas apenas foram corajosas, como Deus quis que fossem.
E há, na Bíblia, inúmeras outras mulheres que se destacaram em seu tempo, por usarem suas habilidades, por serem o que Deus queria que fossem. Dorcas (Atos 9) costurava roupas para atender às necessidades das pessoas de sua comunidade. O Novo Testamento também fala sobre Priscila, que com seu marido Aquila deu importante contribuição para os primeiros anos de divulgação do Evangelho.
Assim como algumas mulheres estão na história por sua sabedoria, várias outras são citadas por sua tolice. A Palavra de Deus mostra toda essa diversidade. Quando se quer, nesse dia, exaltar a mulher como criatura infalível, acabamos nos esquecendo de que há também mulheres tolas.
Há riqueza na sabedoria da mulher, e quando ela aprende a usá-la, não há necessidade de disputa ou comparações. Ela será aquilo que Deus a chamou pra ser, e Ele se encarregará de dar a ela o seu espaço.
No livro de Provérbios há uma descrição linda, forte e poética de uma mulher sábia (cf. Provérbios 31). Numa primeira leitura, nós, simples mortais, ficamos convencidos que tal mulher é ideal e irreal demais. Como pode alguém dar conta de ser tudo o que o texto descreve? Mas o segredo dessa mulher possível também está no texto: “A beleza é enganosa, e a formosura é passageira; mas a mulher que teme ao Senhor será elogiada.” (Provérbios 31: 30).
Há aí um contraponto entre o que é efêmero e o que é duradouro. A sabedoria, força e vigor dessa mulher vem de seu temor ao Senhor e de sua escolha em investir no que é duradouro.
Deus permite que cada uma de nós tenha uma jornada; são momentos felizes, outros muito dolorosos, algumas cicatrizes que não fecham… Tudo isso nos forma. Se não dermos espaço para a amargura, no final das contas, o sofrimento traz robustez ao nosso coração.
Sua história faz de você uma criatura única, e pode servir para ajudar outros em situações semelhantes. Além da história, cada mulher tem habilidades, interesses, personalidade únicos. Quando uma mulher teme ao Senhor, toda essa singularidade pode ser usada para glória dele.
Não despreze a sua singularidade. Não desperdice nada. Fique com a sabedoria dos investimentos naquilo que é duradouro. Escolha servir a Deus e aos outros, levantando-se com sabedoria e amor em favor dos injustiçados. Sirva com suas habilidades. Divida. Compartilhe. Deixe sua história abençoar outras vidas. Não se envolva em disputas desnecessárias: apenas seja quem Deus lhe chamou pra ser.

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